a ocidente nada de novo







Kilian Schoenberger







uma ardência de fim de tarde
arroga-se a ocidente .um alvo .um rasgo
de esforço em concha quando os corpos
se reclinam .repetíveis em
descargos de consciência .pesada .fendas
esforçadas em preces esquivada a falência
dos sentidos
.memórias demais .e se a música acresce
a neblina desce
num fazer de conta ou
erosão apenas
.dirão que são olvidos .talvez falsetes num
iludir a pena






se







Kilian Schoenberger







e depois?
que gente .que Seres .que deuses e demónios
se arrogam
tranquilos
se até os beijos dos amantes
são indicadores do fim?






reforço a vontade de exigir o futuro







Kilian Schoenberger







se me for permitida a diligência de
saber a verdade
absoluta mente vera
remeto ao silêncio a convulsão e o medo e
alinhavo os enigmas
da linguagem mimética aposta aos desvios
.rasantes os media






porque é urgente re.escrever a História







Kilian Schoenberger







circunscreve-se o modo de dissecar a
linguagem própria dos políticos .inventam-se
cânones .desculpas .oratórias revestidas de
falsos veludos .e os senhores do mundo inclinam
-se face à ir.responsabilidade dos homens
a quem a loucura amantiza o poder .discricio-
-nário .epitáfios recorrentes inscrevem-se em
tábuas rasas e
os meninos
inumados em ruínas
deixam cair as feridas de uma inocência
não assistida .não há perdão para o genocídio .não
há risos desculpados em ondas de choque .não há
coisa nenhuma
além da crueza de uma boca que repetível serve
de pretexto às fendas do Ser .avulso .assim
as memórias .em fim de calendário há um
fazer verdade a mentira cujas marcas se denunciam
no pó dos acordos e das convenções .calam-se os
lutos .outrora impérios .hoje denúncias
de argila e pedra






made in USA







Kilian Schoenberger







uma notícia a mais .um dia a menos .a falácia
de um vento cru na boca dum louco .e a alma
vazia acontece num ignorar
de irmão
.desnudo de tréguas na génese
assumido o dislate ou
o poder discricionário erigido como padrão






a morte (con)sentida ao ritmo das vagas







Kilian Schoenberger







a morte assumiu o ritmo convulso das
oscilações marítimas .ao minuto .prescreveu-se
a vertigem num descargo de consciências que
amantizam a solidão das horas e o negrume
da noite .morre-se devagar .sem pressa .incons
ciente o minuto que franqueia o estorvo .a vaga
como colchão .o Oceano como obituário de um
cercear de identidades .um mundo paralelo
onde esgrimem irmãos de Língua .a loucura
elevada ao limite máximo de uma religião
in.confessa
.na mortalidade todos somos iguais .díspar o
epitáfio alapado a uma rocha na convulsão do
luto
.pátrias ausentes onde o Ser-em descarta






a quem interessa a simetria das ondas?







Kilian Schoenberger






resgate
havido
na cupidez
de um gesto tolhido ao sabor das armas
.um Ser-resguardo .um acidente .discreto
.uma mortalha reclamada ao mar
.um negro encriptar
assim a trégua






fingem-se os modos de inscrever os sonhos







Kilian Schoenberger







de Asmodeu apeio o sono acordado
o modo de circunscrever feições ao
gosto dos ensaios .ofícios .degolada
flor no encontro fluído de uma morte
aqui .chega-me a hora .vívida a
face ante um apócrifo apagar de sonhos
.de vícios .diligentes .os dedos dos
crápulas
violadores invisíveis dos fetiches
inscrevem-se à porta do inferno .no meio
o golpe .o fervo .o aparente
embalar diurno
quando a noite se enche de fícteis
in.sepultos






demarco-me escusa no anonimato das horas







Kilian Schoenberger







a poucos ou a nenhuns interessa o
que sou .baldio .metáfora .altar
.esquisso .mas nascitura da lava de
um vulcão insiro na minudência o
gosto de renunciar ao verbo
que se tem omisso .em desova
insiro o exagero e num
apêndice de súbita violência
apago
a pestilência em linha recta e se
transito do agasalho ao frio
desfaço no anonimato das horas
mortas o deletério em compulsivo
delíquio .ensaio no presente
a passagem de um momento .breve
.insuspeito o nome que no pasto
obriga






teimosa mente reclamo o meu lugar ao sol







Kilian Schoenberger







podia ser no beijo um voo de falcão
véu de viúva ou falsete em construção
mas em sedoso remanso
agraço a rua
a árvore
o golpe e
em contramão sou da invernia
o basto engano
o escalar
saudade na boca ávida que tudo esquece






fictício o modo de conceber o futuro







Kilian Schoenberger







traduzem-se os violadores dos cantos em
amantes das sombras .apagam-se os
ideais em crises de interesses e
os meninos-homens esquecidos às portas
do futuro nomeiam preces a um deus
que os asilou num ossário de abate .são os
homens  do presente .ensaios paridos em
laboratório ou breves agasalhos de morte
.pressinto de um desmedro quiçá
inglório a que a barbárie como magistério
do erro se quer num a-deus letárgico






na re.escritura de um olhar perdido







Kilian Schoenberger







de que modo se nasce rio se o mar
se esquiva num olhar menino? peregrino
de andanças cuja mater se degola no
instante de afugentar a morte .no
Oceano o olhar perde-se na ardência
de quem oscila entre o medo e
a ganância dos violadores de sonhos .a
vida passa de uma fábula a um gesto e
os meninos às portas
do Inferno acolhem Azrael como sílaba
de futuro enquanto néscios falsários
os arquitectos do presente
esconjuram demónios em acordos
assinados de cruz






explicações fora de horas e de sentido







Kilian Schoenberger







venho de a-mar na vontade ávida de aquecer
o sonho quando a minha cabeça sangra .sei-
-me nua na intimidade de um ciclo repetido e
diante do luto assinado com luvas
de pelica
re.negoceio a metáfora que se quer passiva






sabe a sangue o a-deus ao canto







Kilian Schoenberger







enviesam-se as dobras da morte
quando os meninos acolhem o sangue
que lhes serve de cama .um silêncio
álacre atira para a ponta da lança a
saliva de um a-deus adentro o estrondo
e a bala .o menino cala .no peito a
destruição e o cuspo .a traição de uma
voz guardada na ordem de matar em
escalas mais elevadas .podia ser amor
.mas é mortífero o desejo de
embalar as mãos infantes .não .o
canto do pássaro azul funde-se entre
a vida e a morte
num charco de carne concebida em
glosas de pus e sangue 






no recomeço proibitivo das metáforas







Kilian Schoenberger







de mordaça breve o retardamento
da metáfora na ceifa que se quer
primeira .teia de folhas encriptadas
pelo levante circundado o momento
de deixar o assombro ao sabor do luto
.uma mão circula num gesto enquanto
a outra conduz ao sentido da insolência
não (con)sentida de um texto que se quer
menino escondido na sombra avulsa de
um equívoco .tudo se perde .tudo se
consome em pretéritos e presentes
quando cegos os lutos .e se
a mordaça retarda a ceifa a metáfora
planteia o dogma de um advir aquém
soluço como anástase de um arganaz
silêncio
assim o modo de enviuvar o futuro






como uma espécie de colofão











Kilian Schoenberger







3º andamento


[ adagio versus andante ]









digo a-deus agora para regressar de-pois







rodolf ledel







agasto temporal .ao declínio alienígena de um soluço aguçado pelo vento .raiz de um pensar entre o chão e a roda do tempo .aquoso .apolíneo .afagado pelo lapso de um golpear a norte o voo .aforro a sul .quimera de um regressar mais leve
em rendilhado ajuste de um corpo em explosão .ou fúria vária
.a quem o golpe?






regresso amanhã para re.escrever o futuro







rodolfo ledel







depois .o tempo das vigílias .das perguntas in.temporais afectas
ao silêncio .devassada a hora






no declínio das aparências pagãs







rodolfo ledel







se deambulo fico .se fico resgato turvas águas .um férvido encontro .entre a palavra e o verbo .como riso argênteo dum re-inventar sinopses
ao limite dos afectos
esperam-se doações menores exclusas em textuais a-braços .registos aparentes
de um semi-deus em amorável fascínio .talvez .subverso afago






rente ao traço grácil do dia







rodolfo ledel







plácito o tríptico a-deus ao vento à chuva ao ajuste temporário .segundo a equivalência passada a errante .após o naufrágio .das memórias .pasto ou silvo de aguçar regressos .tidos como rendição .quiseram-se as águas nas pausas e no açude descolorido pelo mate .um póstumo vocábulo ergueu-se felino .há muito que se exigia a passagem .afásica .no surrealismo de um canteiro de mirtilos .rente ao traço grácil de um verbo .fragmenta-se
um lírico partir .dúctil regaço






as deambulações férvidas das sinopses







rodolfo ledel







rasgaram-se as sinopses em deambulações .férvidas .voláteis .suportadas por fascínios a que as palavras como causa e efeito sucumbem .ao presente .factótum .álgido rasgo talvez constructum .num texto desistente ao primeiro minuto .a hora seguinte quer-se de memórias .assim o parto a que o silêncio se contradiz
arganaz
em tempo de pletora






a arte de conjurar o silêncio







rodolfo ledel







não sei de a-mornar .sei a traça de agasalhar o beijo .ávido






omitida a acção de ser … um poema (COM)sentido







rodolfo ledel







deslize amistoso esculpe o beijo
anúncio ou transe em pedra .comum ao desvario do mistério .semi-divino no humano afago






requeiro a in.tolerância passiva dos lugares comuns







rodolfo ledel







quimera esta que aflora o chão .como beijo .a boca enche-se de sulcos terrosos e o modo de lacrimejar a despedida veste-se de viscos .um calafrio .apenas .cheio de vertigens que afloram insípidas o solfejar das promessas .as mãos vazias .os pés descalços .um resto de infinito na in.tolerância dos lugares comuns .passíveis de restauro .porque a palavra afoga .a despedida como excesso
de substâncias que a véspera concebeu .infértil






enquadra-se o beijo na moldura dos des.ajustes







rodolfo ledel







cedo se cerram fileiras face ao choque inesperado do galope .desenfreado .dos cavalos a que a respiração cortou o sobressalto .restos de corpos acendem o recado .e o tempo passa .inexorável .dos cavalos a retórica .dos homens a guerra .ignominioso gosto que se prolonga .testemunho rendido à súplica que ventila o sonho .carnoso .não interessa .como declínio resguardam-se pedaços de carne .corpos de boca acesa pelos vermes que os aquecem .assim
o beijo bem-quisto do último amolador de facas






ainda a propósito da chuva .ou talvez não







rodolfo ledel







recolho ao claustro dos meus olvidos
na maré-baixa de um aquoso intento
.abusivo senho?