os novos campos de concentração







Margarita Georgiadis







respingos de chuva sobre um mar aberto
.lágrimas .ventre desintegrado o negrume
caso a morte redima .fomitura
assinada .migalhas .países e ocasos
.alheada a vergonha
os rastilhos fenecem onde o ar
envenena
.palavras incineram-se em choros temerários
.mais perto os arames .farpados .e as
aves perdidos os voos
apertam os bicos sobreviventes ao caos .em
campos rasos de lama as tendas derrubam os
sonhos .as mães amamentam seco o
leite .os miúdos choram .só ossos e olhos
.ranho e barriga .nús e descalços .subnutridos
no olhar perdido dos velhos
cachimbo apagado
que sublimam na panela vazia
o murmúrio do vento
a voz do deserto